Ao iniciar, em 1996, meus estudos na chamada “Aprendizagem Acelerada“, meu objetivo — como o de muitas pessoas — era aprender técnicas de memorização e de leitura dinâmica. Realizei, nesse ano, um curso de fim de semana na escola em que estudava e fiquei muito impressionado com o que aprendi. Esse curso me ensinou a base da memorização e os princípios da leitura dinâmica. De lá para cá, já realizei diversos treinamentos e hoje posso dizer sem medo de errar: a leitura dinâmica, infelizmente, não funciona para mim. 🙁
Não estou dizendo que a técnica de leitura dinâmica não funciona. Pelo contrário, o mestre James Saigg Bauer é a comprovação viva de que funciona perfeitamente. O que estou dizendo é que essa técnica não atendeu às minhas expectativas. De qualquer forma, aprendi algumas dicas que talvez ajudem a melhorar a leitura de alguém. Seguem-nas abaixo:
- Evite a Subvocalização: sabe aquela voz interior que fica repetindo automaticamente as palavras lidas? (a única voz que escuto, Akilez, é a da senhora minha sogra, dizendo que sou imprestável e que devo passar logo em um concurso! 🙁). Pois é, elimine-a (A VOZ, é claro!) e obterá, de imediato, um ganho considerável na leitura;
- Leia Grupos de Palavras e Não Palavras Individuais: se você se condicionar a ler grupos de palavras, terá um decréscimo no tempo de leitura de qualquer texto. Não se preocupe em ficar lendo preposições, artigos, etc. O nosso cérebro é tão poderoso ao ponto de preencher instantaneamente essas possíveis lacunas. Comece utilizando blocos pequenos de duas palavras e vá aumentando gradativamente para três, quatro, cinco ou mais palavras;
- Evite o “Repeteco”: vigie-se de forma a não retornar à leitura de uma frase já lida. Vigie-se de forma a não retornar à leitura de uma frase já lida (te peguei! 🙂). Algumas pessoas leem até três vezes o mesmo trecho de texto. Uma forma de corrigir esse problema é utilizar uma régua, ou pedaço de papel, para esconder o trecho de texto já lido;
- Evite Desperdiçar Tempo com as Margens: ao chegar ao final da linha que você estiver lendo, evite a visualização da margem branca à direita. O mesmo vale para o início da leitura da nova linha, evite ocupar sua visão com a margem branca à esquerda. O foco deve estar no grupo de palavras a serem lidas e não em partes que nada acrescentam à leitura (margens vazias);
- Utilize um Metrônomo: o uso de um metrônomo ajuda a manter o ritmo e aumentar a velocidade da leitura. O uso desse instrumento nos ajuda a saber o momento em que nossos olhos deverão “saltar” para o próximo grupo de palavras;
- E por aí vai…
Por não ter obtido o sucesso esperado com a leitura dinâmica, continuei pesquisando outras formas de otimizar minha leitura. Para minha felicidade, encontrei — em 1999 — a técnica conhecida por FotoLeitura (Photoreading). Essa técnica foi criada pelo americano Paul Scheele e sua proposta é a “leitura” de 25.000 palavras por minuto. Quando eu digo “leitura” eu quero dizer que a FotoLeitura tem um conceito diferente para essa atividade.
A FotoLeitura é focada no processo de leitura ativa, direcionada e objetiva. O leitor deve saber o que espera do material a ser lido. Quando eu penso em FotoLeitura, imediatamente vem à minha mente a imagem de um bagaço de laranja. É justamente para isto que serve a FotoLeitura: reter o que for importante e descartar o que for desnecessário (“sugar” o que for importante e “dispensar” o restante).
A velocidade prometida por essa técnica parte do princípio de que podemos realizar uma leitura “não consciente” e ativá-la posteriormente em nosso consciente. Apesar de eu estar me referindo à FotoLeitura como se fosse um método único, ela é apenas uma das técnicas utilizadas no chamado “Sistema Mente Total (Whole Mind)” criado por Paul Scheele. As 5 técnicas que compõem esse sistema são: Preparação, Prever, FotoLeitura, Super Leitura e Ativação (Mapa Mental). Passemos, então, a descrever sucintamente cada uma dessas técnicas.
Passo 1 – Preparação
A fase de preparação diz respeito à definição de um propósito bem definido, ou seja, o que você espera obter (extrair) do material a ser “lido”?. Nesse momento deverá ser afirmado de forma consciente o resultado desejado da leitura. Para nós concurseiros, um exemplo de propósito poderia ser: “Pretendo obter, a partir deste livro de Direito Constitucional do professor Fulano de Tal, uma compreensão plena e completa sobre os direitos e garantias fundamentais“. O propósito funcionará como um “filtro” para a nossa memória inconsciente.
Uma vez definido o propósito, entramos em um estado de aprendizagem acelerada. Isso é feito com o uso de uma técnica de relaxamento que nos leva para o chamado estado “alfa” (considerado o estado mental ideal para o aprendizado). Além disso, outras técnicas podem ser aplicadas para nos mantermos concentrados.
Passo 2 – Prever
A técnica de prever está relacionada ao “reconhecimento do terreno”. Nesse passo o objetivo não é compreender profundamente nada, mas obter um sentido geral da estrutura do material a ser lido. Isso é feito por meio da análise da capa do livro, do índice, da contracapa, dos destaques visuais, das figuras, das tabelas, dos títulos, dos negritos, dos itálicos, etc.
Nessa fase devemos obter uma lista das chamadas “palavras-chave”, as quais dizem respeito aos principais conceitos e assuntos tratados no livro. Devemos gastar, no máximo, uns 5 minutos nessa fase. O objetivo aqui é termos apenas a visão geral do todo, o seu “esqueleto”.
Passo 3 – FotoLeitura
Na técnica de FotoLeitura entramos no estado de “alerta relaxado” profundo. Eu curto muito essa parte, pois somos levados a ter uma conexão mais profunda entre o corpo e a mente. A técnica de relaxamento ensinada pelos instrutores de FotoLeitura é de longe a melhor que eu já vi por aí. Simplesmente imbatível! Utilizo ela em quase tudo que faço. Até para relaxamento não relacionado com estudos. Eu a chamo de “Relaxamento 3-2-1”.
O relaxamento realizado nessa fase nos leva ao chamado “FotoFoco“. Aqui está a “mágica” do sistema. O estado de “FotoFoco” expande nossa visão de forma a aumentar nossa visão periférica. Isso faz com que toda a página impressa esteja no nosso campo de visão. A partir daí, passamos a “fotografar” mentalmente cada uma das páginas. Esse processo leva em média 1 ou 2 segundos, por página. O que fazemos nessa fase é enviar essa quantidade enorme de informações para a nossa “mente interior”. O processo não é feito conscientemente, mas sim de forma inconsciente. O que quero dizer é que não estamos lendo da forma convencional. Estamos utilizando o que o sistema chama de conexão “olhos-mente”, para enviar o texto capturado pela visão à nossa mente inconsciente.
Após “FotoLermos” poderemos ter a sensação de não termos lido nada ou lido pouca coisa. Isso é absolutamente normal. Tanto é verdade, que nos cursos que eu fiz no Brasil, para ter certeza de que estávamos “FotoLendo“, o instrutor pedia aos alunos para que realizassem esse processo com o livro de cabeça para baixo e aplicando a FotoLeitura do final do livro para o começo. Nosso cérebro não tem problema algum em processar internamente as informações recebidas dessa forma.
Passo 4 – Super Leitura
Esse passo é o que temos de mais próximo com a leitura convencional ou dinâmica. Nessa etapa iremos mover rapidamente nossos olhos pelo texto. O tempo gasto nessa fase dependerá de como o leitor sente-se confortável em relação ao material. A palavra de ordem aqui é flexibilidade. Essa técnica existe para “acalmar” os leitores tradicionais que precisam de um pouco de realidade consciente, digamos assim. Essa leitura envolve diretamente a mente consciente e satisfaz nossa necessidade de uma compreensão clara do conteúdo.
Passo 5 – Ativação
Uma coisa muito bacana para quem já teve oportunidade de “FotoLer“, e recomendado por alguns praticantes dessa técnica, é não ativarmos o material “FotoLido” no mesmo dia em que fizermos a FotoLeitura. O ideal é que durmamos, para que nosso cérebro processe corretamente essas informações, e somente no outro dia façamos a ativação. O legal disso tudo é que normalmente temos sonhos com trechos dos livros “FotoLidos” (não, não há casos de sonhos revelando os números da loteria). Todavia, isso não é uma regra para saber se a técnica funciona ou não. Cada um tem sua própria experiência com a FotoLeitura. Além disso, não há nenhum impedimento em ativarmos o material no mesmo dia em que foi “FotoLido“.
Na fase de ativação, nosso cérebro é instigado com perguntas. Essas perguntas, juntamente com a exploração do texto, nos levará às respostas. É engraçado, pois a informação “pipoca”, “salta” à nossa mente. É aí que percebemos o quão poderoso é o nosso cérebro. Nessa etapa, não há problema algum em realizarmos uma leitura mais calma e detalhada de determinada parte do texto. O importante é extrairmos essas informações e enviá-las para um lugar mais apropriado. A técnica mais utilizada nesse caso é a dos Mapas Mentais. Está percebendo como uma técnica complementa outra?
A ativação dependenrá da sua “sede” por conhecimento. Quando você achar que está satisfeito e que já obteve todas as suas respostas, então é hora de parar. É claro que futuros “incrementos” no seu Mapa Mental poderão ser feitos, caso você deseje adicionar mais informações ou complementar com informações “FotoLidas” de outros materiais.
Conclusão
O segredo da FotoLeitura é a mudança de mentalidade e o desapego. Se aplicarmos a chamada “Regra de Pareto” (talvez eu escreva sobre isso no futuro) constataremos que somente 20% de um livro contém informações que realmente importam. O restante (80%) é dispensável. É evidente que estou me referindo a livros técnicos, acadêmicos, etc. Por não termos tempo sobrando, nós concurseiros precisamos saber aproveitar bem o nosso momento de estudo. É fundamental sabermos escolher nossas bibliografias e evitar o desperdício de tempo com leituras infrutíferas.
Agora que vocês sabem da existência dessa técnica, e estão desesperados para praticá-la, vamos aos aspectos práticos. O objetivo deste post foi informá-los que a FotoLeitura existe. Não quis entrar muito em detalhes, pois sei que pouquíssimas pessoas se interessarão realmente em praticá-la. O fato é que a teoria parece muito bonita, mas na prática não é bem assim. Eu já fiz 3 cursos de FotoLeitura. O primeiro foi em inglês, na época da Fita K7. Confesso que, à época, não entendi quase nada. Fora meu “ingrês”, que era mais fraco que choque de pilha. Comprei, depois, este livro sobre FotoLeitura e entendi como a técnica funcionava. Na verdade, qualquer pessoa consegue aprender essa técnica em 30 minutos. Depois disso, fiz dois cursos com o guru Huáras Duarte, um profissional diferenciado a quem muito respeito e admiro (a propaganda é gratuita mesmo, ganho nada com isso não). Ele é uma das minhas referências na área da Aprendizagem Acelerada no Brasil. Apesar de ele ser de São Paulo, o curso foi realizado em Brasília.
Como sempre tive o compromisso com a verdade aqui no blog, não será agora que irei fazer diferente. O fato é que são raras as pessoas que realmente aplicam, na prática, a técnica da FotoLeitura. Não há mágicas, pessoal! Se quisermos ser bons em algo, deveremos nos empenhar e nos dedicar bastante. Recomendo, portanto, aos interessados que evitem ir com muita “sede ao pote” quando estiverem praticando a FotoLeitura. O índice de fracasso, descrença ou frustração costuma ser altíssimo. Ainda mais depois que a Nasa soltou na Internet um estudo “um tanto quanto esquisito” criticando a eficácia da FotoLeitura. Acredito que o importante é tirarmos nossas próprias conclusões.
Sinceramente, eu estava bastante enferrujado com a prática da FotoLeitura, mas depois que voltei a estudar para concursos tive que tirar do meu “canivete suíço” de técnicas para concursos tudo o que poderia me ajudar. Dessa forma, tenho utilizado a técnica de FotoLeitura em alguns livros de Direito Constitucional e Administrativo, principalmente aqueles com muitas páginas, e em todas as “leis secas”. Meu objetivo ao “FotoLer” um livro é me manter motivado e confiante, uma vez que todas as informações contidas nos livros estão sendo enviadas para o meu inconsciente e poderão ser “ativadas” em momento oportuno, seja utilizando Mapas Mentais ou até mesmo sendo presenteado com bons “insights” (o ideal seria tê-los no dia da prova 🙂).
Apesar das inúmeras críticas recebidas pela FotoLeitura, eu recomendo aos interessados que comecem lendo o livro do Paul Scheele sobre o assunto e depois, se puderem, se informem melhor sobre possíveis cursos. A vantagem do curso, pelo menos o que eu fiz, é ter contato com muitas outras técnicas de Aprendizagem Acelerada. Além de ter conhecido várias pessoas interessadas em Aprendizagem Acelerada! Para se ter uma ideia, o Victor Ribeiro estava na minha turma quando fiz o curso pela última vez. Se até os “mestres da aprovação” fizeram o curso, então é sinal que deve ter algo de proveitoso! Fica a dica!
Para quem quiser saber mais, este é o Site Oficial (em inglês) da FotoLeitura. Outro site que recomendo é o forum oficial do Phoroteading. Tem um australiano lá, chamado “Alex K.“, que é uma referência mundial no assunto. Fora o fato de ser bastante atencioso com todos os participantes.
Ah… já ia quase me esquecendo, mas — para que não haja dúvidas — é bom deixar claro que a FotoLeitura não tem absolutamente nada a ver com a chamada “Leitura Fotográfica“, ok? Também fica o alerta de que a FotoLeitura não substitui a leitura por prazer.
E vocês? Já conheciam essa técnica? Têm obtido bons resultados com ela? Deixem sua opinião, dica, sugestão, bronca, etc.
Bons estudos!